Saúde 360º: Especialistas lamentam impactos negativos da "Fake Medicina" e apontam sinais de alerta para pacientes
O que é a "Fake Medicina"? Esse debate conduziu o primeiro episódio do novo podcast apoiado pelo Bahia Notícias, o Saúde 360º. Durante o bate papo, liderado pelas jornalistas Christina Miranda e Stephanie Suerdieck, o hepatologista Raymundo Paraná e a gastroenterologista Mariléa Souza alertaram sobre os sinais de alerta para profissionais que se multiplicam cada vez mais nas redes sociais.
"'Fake Medicina' é toda medicina que é anticiência, ou que utiliza o lado ruim da ciência, que é a má qualidade de determinados artigos científicos publicados no que chamamos de 'revistas predatórias' - que não têm nenhum crivo editorial e são praticamente pagas para publicar, e que dão respaldo a condutas que não têm nenhuma evidência científica. [...] É onde falta humanismo, onde falta ética", resumiu Paraná.
Segundo o especialista, a "Fake Medicina" acabou dominando a linguagem das redes sociais. "Você bombardeia as pessoas com informações superficiais e isso causa no indivíduo uma espécie de narcose intelectual, em que ele para de pensar. 'Será que é isso mesmo? Será que é verdade">
Paraná aponta que geralmente esses profissionais partem de um conceito falso de algo que vai ser vendido, e com altos valores, para ganhar dinheiro; e que geralmente há a "criação de lados", do que é "certo" ou "errado". Os especialistas ainda trataram sobre os riscos do excesso de exames desnecessários, os impactos de tratamentos alternativos, os maiores mitos difundidos nas redes sociais, além de dicas de como manter a saúde de forma prática e sem gastos vultuosos.
Já Mariléa Souza revelou que tem recebido no consultório pessoas com demandas e prescrições que não estão "centrados no paciente". "O que eu percebo no consultório: primeiro, a questão do gasto financeiro. Você está fazendo com que a pessoa gaste muito dinheiro - que às vezes nem tem - para algo que não vai trazer saúde pra ela. Segundo, sobre o diagnóstico. O paciente começa a adoecer mentalmente de tantos diagnósticos que não vão mudar nada na saúde dele, não vão mudar em nada seus indicadores de saúde. 'Mas olha, porque alterou esse exame específico...' Não olha a história do paciente, não olha o histórico clínico, toda contextualização", alertou.